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Machado de Assis e a lição sobre a procrastinação emocional de Estêvão

Machado de Assis e a lição sobre a procrastinação emocional de Estêvão

Machado de Assis nos mostra, em A Mão e a Luva, que o maior inimigo dos nossos sonhos não é o fracasso, mas o medo de agir. Nesta obra, entre outros personagens, ele mostra Estêvão, um personagem melancólico que vive preso a um amor platônico que nunca se concretiza.

Essa história é um alerta para quem idealiza demais e faz de menos. Viver só na fantasia pode parecer seguro, mas custa caro, pois rouba tempo, oportunidades e até a autoestima.

Então, se você é daquelas pessoas que está sempre esperando “o momento certo” para agir, talvez esteja vivendo o mesmo drama de Estêvão. E este artigo vai te mostrar como mudar isso.

Quem é Estêvão em A Mão e a Luva?

Em A Mão e a Luva, Machado de Assis apresenta Estêvão como um jovem culto e de bons sentimentos, admirado por suas qualidades. No entanto, ele não enfrenta os desafios do mundo real. 

Podemos perceber isso em sua intensa paixão por Guiomar que, ele não ama a mulher como ela é, mas sim a ideia que construiu sobre ela.

Essa diferença é sutil, mas decisiva para entendermos melhor a procrastinação emocional.

Estêvão se agarrou ao seu amor imaginário, acreditando que despertaria a piedade ou o remorso da moça por meio das suas dores e lágrimas.

Sabe aquela atitude de criança de dois anos que tenta convencer os pais no berro?

O rapaz pensava mais ou menos assim: ela vai saber que estou sofrendo, ficará com dó de mim, daí a gente casa e mostro a ela como posso fazê-la feliz.

Mas, por que esse personagem chama tanto a nossa atenção?

A questão é que, quando escolhemos viver apenas na imaginação, evitamos o confronto com a realidade e nos afastamos da ação. Isso vale para tudo como estudar, empreender, vender, divulgar nossos produtos e serviços.

Esse, na verdade, é um comportamento muito comum em pessoas que preferem o conforto do sonho ao risco de agir.

Talvez você também, em algum momento, se apegou a planos perfeitos sem dar o primeiro passo. Para entender melhor o perigo dessa escolha, continue lendo.

Entendendo e vencendo a procrastinação emocional

Ao longo da história, Machado de Assis deixa claro que Estêvão não é apenas tímido, mas costuma adiar ações importantes por medo do desconforto emocional. O próprio autor descreve essa atitude:

“Não digeria nada: e daí vinha o seu nenhum apego às ciências que estudara. Venceu a repugnância por amor-próprio; mas, uma vez dobrado o Cabo das Tormentas disciplinares, deixou a outros o cuidado de aproar à Índia.”

Quando se apaixona por Guiomar, ele mantém a ilusão de conquistá-la sem fazer nada. Em qual área da sua vida está vivendo de imaginações?

Voltamos a falar das esperanças impossíveis do nosso personagem.

Assim, mesmo diante de sinais claros de que ela não o queria, ele insistia na fantasia. Confira abaixo o trecho em que entendemos que ele está perdendo tempo:

“— Entendemo-nos – observou a inglesa –; não digo que a senhora o namore também; digo que é ele quem anda apaixonado. Não adivinha?
— Talvez.
— O Dr. Estêvão.
Guiomar fez um gesto de desdém.”

Acontece que seu insucesso nessa paixão, está na idealização do amor, na falta de atitude e no isolamento dele.

Quantas vezes agimos do mesmo modo? Quantas vezes, ficamos presos às nossas ideias de um projeto, de uma relação ou uma meta para fugir da ação e do medo do fracasso, do “não”.

Cuidado com as suas fantasias e distrações

Talvez, na sua imaginação, você já tenha conquistado o mundo sem sair da cama. Comprou imóveis, viajou para longe, viveu histórias incríveis, mas tudo isso sem se mover.  

A realidade é que, assim como no romance, a vida não espera. Enquanto você adia, o tempo passa.

Por esse motivo, compreender as emoções e atitudes de Estêvão ajuda a evitar os mesmos erros. 

Assim, ao perceber o padrão de procrastinação emocional no personagem, você pode escolher não deixar o medo comandar suas decisões.

O que a história de Estêvão revela sobre a procrastinação emocional

O amor platônico de Estêvão poderia ser saudável, mas virou prisão emocional. Em vez de aproximá-lo da própria essência, o afastou. 

Platão, por exemplo, dizia que o amor aproxima o homem de sua essência. Enquanto Freud via o amor platônico como uma busca pelo que nos falta. Estêvão, porém, não buscou completar essa falta, pelo contrário, preferiu o papel de espectador.

Aprendemos com isso que, o comportamento que define a procrastinação emocional é: adiar ações importantes para evitar desconfortos. 

Esse hábito é prejudicial e acontece em todas as áreas da vida, não só o amor. Se você tem um sonho profissional, um projeto ou algo que adia por medo do desafio, saiba que quanto mais tempo parado, mais difícil será agir. 

E, assim como Estêvão, você acabará isolado e frustrado, acreditando que “não nasceu para vencer”. Por isso, reconhecer esse padrão é o primeiro passo para quebrá-lo.

Como a leitura pode ser uma ferramenta de autoconhecimento e mudança

Muita gente lê para se distrair. Poucos usam a leitura para se conhecer melhor. A Mão e a Luva funciona como um espelho em que julgamos os personagens, mas o impacto real acontece quando percebemos que carregamos algo deles.

Apesar de ser um momento desconfortável, é nele que nasce o autoconhecimento. Isso porque, a leitura nos permite observar nossos comportamentos de fora. 

Dessa maneira, entendemos como medos, crenças e inseguranças moldam nossas decisões, e, decidimos se queremos continuar assim.

A leitura também nos ajuda a dar nome a sentimentos confusos, abrindo espaço para mudanças. Se você se identifica com Estêvão, talvez esteja na hora de quebrar o padrão de idealizar demais e agir de menos.

Um convite para mudar, e para ler Machado de Assis

Se você chegou até aqui, provavelmente deseja se conhecer melhor e superar desafios na sua vida. Quem sabe, já sentiu o peso da procrastinação emocional e deseje se livrar dela.

Talvez tenha dificuldade em identificar quem é você e o que atrapalha a sua vida. Independentemente do problema, ler bons livros pode ajudar você a se conhecer melhor e mudar suas atitudes.

Se já viveu um grande amor ou uma oportunidade que só existia na sua cabeça e adiou projetos por medo de falhar. Então está na hora de virar esse jogo.

Afinal de contas, um ponto de virada, muitas vezes, começa com algo simples como ler um livro.

A Mão e a Luva, por exemplo, não é apenas uma história romântica, mas uma aula sobre fracasso, sucesso, determinação e direcionamento. Cada um dos personagens nos ensina algo que pode mudar nossa vida.

História de outros personagens como Luís Alves, a própria Guiomar e Jorge, por exemplo, nos ensina uma lição que podemos evitar ou aplicar em nossas vidas.

Assim, se você deseja realizar seus objetivos, não espere o “momento perfeito”, encontre um livro que te inspire e deixe que a história desafie os seus limites. Machado de Assis é um grande mestre em provocar, desafiar e inspirar leitores com seus personagens marcantes.

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