Contar histórias é uma maneira antiga de criar identificação com as pessoas. Hoje, conhecemos essa estratégia como Storytelling. Neste post, quero te mostrar um pequeno treino que fiz para começar a adquirir essa habilidade tão importante para um redator ou um vendedor.
Não espere, portanto, que encontrará neste pequeno texto, todas as técnicas de contação de história. Não é isso, você apenas entenderá que não precisa de um acontecimento extraordinário para criar conexão com o leitor ou ouvinte.
Neste artigo, quero te contar um acontecimento de infância que lembrei certa manhã. Como pode ver, a história não aconteceu hoje ou ontem. Mas em um cenário comum, cheio de sentimentos bons que aconteciam lá nos meus tempos de criança.
Vamos conhecer então como a história do cuscuz no café da manhã pode nos ensinar a aplicar técnicas de storytelling.
A história do cuscuz: pequenos episódios como base para storytelling
Enquanto preparava o meu cuscuz pela manhã, lembrei-me da minha mãe (já falecida) e de como ela preparava essa delícia para o nosso desjejum ou lanche da tarde.
Naquele tempo, a gente usava o fubá misturado com farinha de mandioca para a massa do cuscuz não ficar grudada. Pelo menos era isso que ela dizia.
Às vezes, ela preparava esse prato com coco ralado e leite de coco. Ficava uma delícia.
A receita era simples:
½ kg de fubá
1 colher de farinha de mandioca
Açúcar a gosto
Uma pitada de sal
Água, leite ou leite de coco para umedecer.
Tem gente que prefere o cuscuz salgado, lá em casa nós preferíamos, doce.
Modo de fazer:
Para cozinhar, minha mãe colocava a mistura em um prato e o cobria com um pano de prato limpo e umedecido com água. Em seguida, ela o amarrava pelas pontas na parte de baixo do prato, emborcava-o na panela com um pouco de água e aguardava o cozimento, no vapor.
Não tínhamos cuscuzeira, o resultado era uma linda montanha amarela.
A melhor hora
Quando ela tirava do fogo e passava margarina que derretia deliciosamente sobre aquele monte fumegante. O cheiro do fubá cozido e a aparência daquele lanche, impregnava no meu cérebro, se pudesse, comia tudo sozinha.
Mas era preciso dividir. Éramos quatro pessoas interessadas naquele prato de cuscuz. Esse episódio se repetiu algumas vezes no mês e nunca me saiu da memória. Foi uma doce lembrança dos momentos em que juntas tomávamos nosso café da manhã.
O que uma lembrança de infância me ensinou sobre contar histórias
Relembrar e contar essa história me ajudou a perceber que minha mãe não reclamava da vida. Ela, sempre que podia, criava meios para que as três filhas não percebessem as dificuldades que passávamos.
Além disso, lembrei que, naquele tempo, as pessoas não dependiam tanto das padarias para comprar pão, pois era comum as mulheres prepararem os lanches.
Lembrei ainda que, mesmo morando em São Paulo, e com muitas dificuldades financeiras, não faltavam nas latas os biscoitos caseiros, as rosquinhas e outras guloseimas.
Escrevendo aqui, inclusive, lembrei-me que certa vez, ela fez um doce. Era um caramelo de vidro. Na verdade, uma calda quente de açúcar, pingada na água.
Sim, provavelmente naquele dia, não havia nada em casa, mas ela deu um jeito de nos distrair como pode.
Ao lembrar desse episódio do cuscuz, da cara séria da minha mãe, ou das raras vezes que a vi sorrindo. Entendi que não preciso de grandes acontecimentos para contar uma história, basta compartilhar pequenas lembranças.
Por fim, contar essa história me ajudou a perceber que, independentemente da evolução tecnológica, das dificuldades da vida, sempre encontraremos solução para nossos problemas financeiros.
Por que contar suas experiências pode conectar você com o público
A melhor maneira de usar estratégias de storytelling em seus textos é compartilhando suas experiências. Você pode até acreditar que elas sejam insignificantes, não são iguais às dos filmes e novelas, mas são as que conectam as pessoas a você.
Isso porque contar a sua história desperta sentimentos em outras pessoas, te faz vulnerável, acessível e humano. Estou quase certa, por exemplo, de que ao ler essa história do cuscuz, lembrou-se de algum momento especial em sua vida.
A sua história não é igual a de ninguém, mas é sua. Portanto, é autêntica, é única.
Lembranças como essas que remetem há um tempo distante, descreve a saudade e memórias da infância, conectam pessoas.
A memória daquele cuscuz cozinhando e da margarina se derretendo sobre aquela pequena montanha amarela, por exemplo, produzem sentimento de amparo e de momentos em família.
Assim, se você deseja aprender técnicas de storytelling, leia livros clássicos e técnicos que te mostrem como fazer. Além disso, comece a contar episódios de sua vida porque é muito mais fácil escrever sobre o que conhecemos.
Mas se tem dificuldade em escrever, sugiro que adquira o livro Flor do Lácio, ele é perfeito para ensinar técnicas práticas de escrita.
Espero que este texto te inspire, abraços e até a próxima história.